Alerta: Cursos da saúde participam da campanha Setembro Amarelo

Publicado em 17 de Setembro de 2019 às 16:00

Unipar realiza mais um simpósio abordando prevenção ao suicídio; evento prioriza o cuidado, respeito e comportamento ético

Setembro Amarelo, uma campanha para refletir sobre sofrimento, comportamento suicida, formas de olhar e escutar o outro. Com esse fundamento, a Universidade Paranaense – Unipar, Unidade de Cascavel, reuniu estudantes dos cursos da saúde para refletir sobre a temática e sua relevância, tendo como referência dado da OMS (Organização Mundial da Saúde), que aponta o suicídio como a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

O 2º Simpósio de Prevenção ao Suicídio, organizado pela Unipar, reuniu turmas de Biomedicina, Enfermagem, Estética e Cosmética e Psicologia. ‘Por que é preciso falar sobre suicídio?’ Essa foi a indagação do evento, comandado pelo psicólogo Paulo Vitor Navasconi, de Maringá.

“Assim como a morte, o suicídio é visto como um tabu. O sentimento das pessoas é ambivalente, pois ao mesmo tempo em que não queremos falar sobre, tem algo como uma curiosidade e, então, busco falar desse tema com cuidado, respeito e comportamento ético”, disse.

Nessa perspectiva, o profissional contextualizou o que é suicídio e o que é comportamento de violência autoprovocada. Segundo explica, a ideia é pensar o porquê as pessoas estão se matando e as taxas de suicídio estão tão altas. “Hipóteses de que as tentativas são uma forma de comunicação e nós não estamos conseguindo escutar, dialogar com a sociedade, com quem está em sofrimento”, avalia.

Também sinaliza que uma forma de chamar atenção é pela tentativa: “Acho triste, perverso, que a pessoa chegue a esse ponto para que nós, sociedade, possamos olhar, entender e reconhecer que esse sujeito sofre”.

Navasconi destacou que a estrutura social faz com que as pessoas adoeçam: “A sociedade está adoecida, contudo, quem constitui a sociedade somos nós. Precisamos compreender que o sofrimento não é só biológico, ele também é social, sendo importante rompermos com visões individualistas, biologizantes e psicologizantes no que cerne ao fenômeno do suicídio. Precisamos falar de vida, de projetos de sociedade que temos construído para nossos jovens, adultos, idosos”.

E complementou: “Vivemos uma desigualdade social e econômica que repercute na subjetividade, no sentido da minha vida e, muitas vezes, o suicida não quer acabar com a própria vida, mas com o sofrimento, algo que adoece, faz com que esteja desconfortável”.

A partir dessa reflexão, instigou o público a pensar “se o Setembro Amarelo é apenas para cumprir uma temática, uma tabela, ou é uma ação que visa uma transformação da sociedade?”.

Outro foco foi a preocupação com técnicas e metodologias, enquanto se perde a humanização básica, o olhar no olho, o contato com o outro, além de lembrar um fator que cresce a cada dia, a autocobrança para ser perfeito: “Essa autocobrança não é nossa, mas é imposta, nós compramos esses discursos padronizados, porque temos que pertencer a algo”.

O palestrante enalteceu estar feliz por ver que discussões tão fundamentais vêm sendo incluídas nos planos curriculares dentro das instituições de ensino: “Se eu não percebo que há um problema, eu não consigo intervir. É essencial romper o tradicionalismo de que a escuta é apenas clínica individual, isolada de um contexto. Esse sujeito tem família, trabalha tem classe, raça e gênero. É importante compreender a totalidade, não ver o suicídio como um transtorno, mas como um fenômeno social, de muitas causas. Falar de suicídio requer uma interdisciplinaridade, não é pensado só pelo psicólogo, é preciso uma rede de estudo, trabalho e intervenção”.