Casamento Coletivo encerra semana de Justiça no Bairro

Publicado em 23 de Agosto de 2019 às 14:00

Pertencimento, respeito e amor foram sentimentos aflorados em mais um mutirão de justiça; 480 novos casais se uniram em matrimônio

Cidadania é um dos princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988, contudo, infelizmente, a igualdade de direitos e acesso não atinge toda a população. Diante dessa lacuna, todos os anos, as pessoas em condição de vulnerabilidade socioeconômica têm, aqui na cidade de Cascavel, a oportunidade de ‘resolver sua vida’, como focaliza o slogan do programa Justiça no Bairro.

Criado há alguns anos, o programa do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, idealizado e coordenado pela desembargadora Joeci Camargo, busca auxiliar na qualidade de vida das pessoas e diminuir barreiras entre o acesso a serviços do judiciário, assistência social, saúde, documentação pessoal e lazer.

Na última semana, de 12 a 17/8, cerca de 15 mil casos foram atendidos pelas equipes, em Cascavel, Corbélia e Ubiratã. Ação reuniu médicos, juízes, advogados, psicólogos, Sajug (Serviço de Assistência Judiciária Gratuita) da Unipar, professores e alunos do curso de Direito. E ainda, a Polícia Civil, Exército Brasileiro, Prefeitura de Cascavel e Sesc (Serviço Social do Comércio).

Durante a semana, aconteceram os serviços de curatela e interdições, perícias e audiências, atendimentos na área de Família, registro geral, e o Casamento Coletivo, com o enlace de 480 casais. Na oportunidade, atendimentos na área de saúde também foram oportunizados pelos cursos de Biomedicina e de Enfermagem.

O senhor Valmor Canopp e a esposa Elga Pino participaram via Cras (Centro de Referência de Assistência Social). O encaminhamento era para fazer a cédula de identidade, porém, o registro de nascimento era antigo: “O atendimento é dez; viemos para fazer a identidade e já pedimos a segunda via do registro”.

Os serviços se estenderam para moradores da região. Recém-operado, o senhor Valdemar Turcato, 62, veio de Capitão Leônidas Marques, com a ambulância do município, e foi atendido no próprio veículo. Acompanhado do genro, Gilson Souza, fez a perícia para aposentadoria por invalidez. “Essa ação é muito importante, porque trabalhar não posso mais, desde janeiro; o problema que tenho na perna, que apareceu ainda na infância, piorou, e agora tive que operar”, diz Turcato.

Um caso bastante significativo foi do senhor Francisco de Souza, que já na meia idade, não tem nenhum documento pessoal. Andarilho, com transtorno mental, foi acolhido há 5 anos pelo senhor Vivaldino Oliboni, 66. “Apareceu há cinco anos na minha propriedade e eu acolhi, dei casa, roupa e comida. Hoje viemos fazer sua certidão de nascimento, agora, Francisco é um cidadão do Paraná”, alegrou-se. Também ressaltou: “Tenho a sina de cuidar das pessoas, aprendi com meu pai; já cuidei de um cidadão que veio do sul, velhinho, sem força”.