Curso de Enfermagem recebe médico referência em ostomia

Publicado em 13 de Novembro de 2019 às 15:00

Dr. Univaldo Sagae e a enfermeira Lorena Goetem foram os convidados da noite, idealizada pela acadêmica do curso, Wilse Lombardi

Aula especial contou com a presença do médico coloproctologista, Dr. Univaldo Sagae, e da enfermeira estomaterapeuta, Lorena Goetem. A Universidade Paranaense – Unipar promoveu um encontro muito especial, com o objetivo de compartilhar vivências, compreender a ostomia e conhecer mais sobre o Núcleo Regional de Ostomizados do Oeste do Paraná, fundado por eles, aqui na cidade de Cascavel.

A ideia do encontro partiu da aluna da 1ª série do curso de Enfermagem, Wilse Lombardi, que é ostomizada e também voluntária do Núcleo. Na oportunidade, a acadêmica contou que foi ostomizada aos 15 anos e foi o Dr. Sagae quem descobriu sua doença: “Na época era um termo desconhecido e eu não sabia de ninguém que usasse bolsa; fiz a cirurgia em São Paulo, porque aqui ainda não tinha recurso e, retornando, o Dr. viu a necessidade de fundar o Núcleo, por coincidência foi no dia do meu aniversário de 18 anos, em 1988”.

Hoje, o Núcleo fundado em Cascavel é referencial mundial e conta com uma equipe multiprofissional - psicólogo, nutricionista, enfermeira estomaterapeuta e advogado, todos voluntários, atendendo 356 ostomizados de Cascavel e dos 24 municípios da 10ª Regional de Saúde.

A história de Wil, como é conhecida, inclui uma ostomia definitiva há 16 anos e 25 cirurgias. Formada na Unipar em Turismo e Hotelaria, voltou para cursar Enfermagem 19 anos depois. “Sempre quis estudar Enfermagem, mas percebo que agora tenho mais maturidade para trabalhar com o sofrimento das outras pessoas. Como sou ostomizada, posso contribuir para que os profissionais da saúde tenham mais conhecimento, porque eu tenho a faculdade da vida e aqui na Universidade vou aprender o técnico científico”, afirma a estudante.

Após a graduação, ela pretende se especializar em ostomia e lesões de pele (úlceras por pressão), contribuindo ainda mais para o cuidado com os ostomizados. A mais jovem e uma das primeiras pessoas a pôr a bolsa em Cascavel, Wil compartilha: “Tive fases de revolta e autopreconceito. Contudo, tive a oportunidade de ver pessoas que usavam a bolsa tendo qualidade de vida. Achava que não ia casar, ter vida social, trabalhar, mas a ostomia foi a mola propulsora para que eu continuasse estudando e me empoderasse para poder fazer a diferença na vida das pessoas”.

Fundador do Núcleo e atuando com a cirurgia de ostomia há mais de 30 anos, o Dr. Sagae abriu as discussões da noite, explicando o que é ostomia, como é a vida dessas pessoas depois da cirurgia e da bolsa, o suporte médico, assistencial de bolsa e apoio emocional para se adaptar a essa situação.

“É um procedimento que muda radicalmente a vida das pessoas e o médico muitas vezes é obrigado a fazer isso para salvar uma vida ou curar uma doença grave. Mas a vida vai continuar. Existem bolsas boas e não vai atrapalhar os projetos de vida. A Wil é exemplo de pessoa que a bolsa não impediu de seguir a vida, continuar estudando e se destacar. Ela é exemplo de que dá para ser feliz mesmo com a bolsa”, elogia.

Também convidada, a enfermeira Lorena pontuou sobre o cuidado específico com o ser ostomizado, como trocar a bolsa, quais indicações de bolsa, qual o melhor material e os cuidados de Enfermagem. “O preparo pré-operatório é fundamental na ressocialização do ostomizado”, observa.

Para demonstração prática de produtos e serviços da área, participaram, ainda, o enfermeiro e assessor técnico da Cointer/Convatec, Rafael dos Santos, e a enfermeira do Programa Ativa/Coloplast, Ana Paula Cozza. Algumas representantes do Núcleo Regional de Ostomizados também prestigiaram.