Ederson Machado de Oliveira tomou a iniciativa, que logo contou com o apoio de professores
Notícias que vinham da Itália, logo no início da pandemia de covid-19, e que chocaram o mundo, despertou no estudante de Engenharia Mecânica da Universidade Paranaense o interesse por respiradores. Tanto lá, quanto aqui, a falta do aparelho tem provocado situações dramáticas, colocando os médicos em apuros na hora de decidir qual paciente terá o recurso para amenizar seu sofrimento ou evitar a sua morte e qual não terá.
Ederson Machado de Oliveira, do 2º ano, disse que isso o entristeceu, mas também o levou a pensar em uma proposta que colaborasse para a solução do problema, já que o Brasil também vive o drama: no nosso sistema de atendimento à saúde, tanto público quanto privado, não há respiradores para todos os pacientes acometidos por esta severa doença.
A iniciativa ganhou apoio de vários professores da Unipar, o que facilitou para Ederson os trabalhos de projetar e confeccionar o seu respirador eletropneumático. “Este apoio foi fundamental”, confirma. “Tão logo tive essa percepção comecei a imaginar um protótipo que deveria ter as seguintes características: baixo custo, fácil fabricação, confiável e que usasse apenas componentes de fabricação nacional”, acrescenta.
Aplicando as teorias que recebe no curso de Engenharia Mecânica, fez vários testes antes de chegar a uma decisão: “Primeiro pensei em um equipamento feito como o já conhecido AMBU [sigla em inglês de Unidade Manual de Respiração Artificial, muito comum em ambulâncias]. Mas não consegui ter um controle de pressão, volume, e frequência. Optei então pelo equipamento eletrônico, com as mesmas características idealizadas, e consegui”, orgulha-se.
Segundo ele, foram doze dias concentrados no projeto, trabalhando depois das aulas e em finais de semana [ele estuda à noite e trabalha durante o dia na Texsa, indústria de lubrificantes automotivos de Umuarama]: “Demandou um empenho muito grande desde a pesquisa dos materiais e a busca das peças apropriadas, sempre levando em consideração o baixo custo, mas tudo valeu a pena; fiquei muito satisfeito!”.
Mais contente ainda ficou quando recebeu também auxílio financeiro da Unipar para aquisição das peças e para o aprimoramento do projeto. “Isso me deu ânimo para caprichar ainda mais”, comenta o estudante, que conquistou muitos elogios do professor Patrik Lopes, coordenador do curso de Engenharia Mecânica da Unipar.
”Atitudes como esta do aluno Ederson nos deixa muito felizes, pois significa que estamos formando profissionais preocupados em beneficiar a sociedade com os conhecimentos que adquirem na graduação”, afirma Lopes, informando que o projeto agora está em fase do “ajuste fino” e da busca de aprovação nos órgãos reguladores para utilização em pacientes. “Criamos um grupo multidisciplinar de professores na Unipar, que se encarregou de viabilizar o processo para a validação”.
Participação da Medicina
Outro membro do grupo multidisciplinar, o médico Reinaldo Higashi Yoshii, professor do curso de Medicina da Unipar, também não poupa elogios ao estudante de Engenharia Mecânica. “Com este trabalho ele mostra um senso humanitário incrível”, exclama, confirmando a eficiência do projeto. “Enquanto orientador do Ederson nas questões de funcionalidade e segurança para uso do aparelho em seres humanos posso afirmar que o protótipo superou minhas expectativas, alcançando um grande potencial de aplicabilidade”. As diretoras do Instituto de Ciências Biológicas, Médicas e da Saúde, professora Irineia Baretta, e do Instituto de Ciências Exatas, Agrárias, Tecnológicas e Geociências, professora Giani Colauto; a diretora de Pesquisa, professora Evellyn Wietzikoski; e a coordenadora do curso de Medicina, professora Maria Elena Diegues também fazem parte do grupo que busca aprovação do respirador na Anvisa.