A professora médica pneumologista do curso de medicina, Alana Kaneda Garcia, comenta prevenções e cuidados com a saúde nessas condições
A quase um mês, a região noroeste do Paraná convive com fumaças vindas das queimadas nas regiões norte e centro-oeste do Brasil. Junto ao tempo seco, as condições são prejudiciais à saúde. Segundo a plataforma de monitoramento do clima, The Weather Channel, no dia 13 de setembro, Umuarama registrou índice pouco inferior a 2,5 mícrons (PM 2,5) de partículas atmosféricas de poluentes.
A Universidade Paranaense (Unipar), conversou com a professora médica pneumologista do curso de medicina, Alana Kaneda Garcia, que comenta prevenções e cuidados com a saúde do sistema respiratório em períodos de tempo seco com o agravante da fumaça.
Alana é formada pela Universidade Estadual de Londrina (2009-2014). Fez residência médica em Clínica Médica no Hospital Cemil (2016-2018). Se especializou em pneumologia no Hospital do Servidor Público Estadual em São Paulo (2016-2018). No ano passado concluiu o mestrado em Plantas Medicinais e Fitoterápicos na Atenção Básica pela Unipar. É docente do curso de medicina da Unipar, em Umuarama, desde ao ano de 2020 e também atua na parte clínica em consultório como pneumologista.
De que modo o ar seco e a fumaça podem prejudicar a saúde de uma pessoa?
Alana Kaneda Garcia: Devido ao ar seco, quando a gente pensa na saúde respiratória, isso gera muitos irritantes para as vias aéreas, possíveis inflamações e alergias. Sentimos esses efeitos principalmente no calor e da falta de umidade.
O clima seco pode agravar a condição de uma pessoa que já possui problemas respiratórios?
Alana Kaneda Garcia: Quando pensamos em pacientes que possuam um problema respiratório, ele já tem uma via aérea mais sensível e ainda mais se ele não tiver um quadro clínico controlado. Se o paciente possui asma, bronquite ou um enfisema controlado, está mais suscetível a esse clima, ainda mais se ele estiver descontrolado. Nós pensamos em manter essas condições bem controladas e acompanhar o quadro clínico do paciente. Mas as pessoas que não possuem essas condições de saúde, também podem sofrer com esse clima, até porque com a fumaça e o clima seco, há muitas partículas nocivas, o que pode levar a um quadro inflamatório ou desencadear infecções.
Existe algum tratamento médico que a pessoa pode seguir ao ficar doente devido a essas condições climáticas?
Alana Kaneda Garcia: cada paciente é um paciente que possui suas particularidades. No geral, buscamos aumentar as medidas básicas de hidratação tanto ingerido quanto hidratação das vias aéreas. Às vezes o paciente precisa de uma dedicação inalatória com um broncodilatador. Dependendo do quadro, às vezes um paciente vai precisar do antialérgico. É importante que o paciente tenha ali um acompanhamento médico para a gente direcionar o tratamento.
Quais são as prevenções que uma pessoa pode ter devido ao ar seco e a fumaça?
Alana Kaneda Garcia: As pessoas devem aumentar a quantidade de ingesta hídrica, às vezes falamos que está muito calor, mas a via aérea é sensível e sente quando estamos mais desidratados, então ingerir mais água é fundamental. Devemos manter uma boa hidratação nas vias aéreas. Fazer a lavagem nasal é importante, não precisa ter problema de saúde. Usar o soro fisiológico nas narinas ajuda nessa hidratação. Em relação ao ambiente, devido ao calor usamos muito o ar-condicionado, ventilador e isso resseca muito o ambiente. Usar um umidificador ajuda, às vezes uma bacia de água, uma toalha molhada no quarto quando for dormir, porque vai evaporando e umidificando o ambiente.
Se estivermos em um ambiente ou um dia que está com muita fumaça, é necessário deixar a casa um pouco mais fechada para não ter tanto contato com essas partículas. Lógico, o ambiente vai estar menos ventilado, então é importante também que o ambiente esteja saudável. Quando precisar estar em um ambiente exporto, o uso de máscara nessa poluição intensa pode beneficiar em filtrar as partículas nocivas.