Ex-aluna da Unipar é delegada chefe da 15ª SDP de Cascavel

Publicado em 17 de Abril de 2019 às 17:00

Dra. Mariana Vieira foi convidada pelo curso de Direito para uma palestra sobre sua carreira e os tempos de Unipar, onde o diploma de graduação foi sua primeira grande conquista

Egressa do curso de Direito da Universidade Paranaense, a delegada Mariana Vieira volta à Unipar para compartilhar sua trajetória da época de estudante até chegar ao almejado cargo. Em palestra para estudantes, ela falou sobre suas funções, o que faz na prática, as dificuldades que a autoridade policial enfrenta e, ainda, sobre vocação.

Desde janeiro deste ano Mariana está na chefia da 15ª Subdivisão Policial de Cascavel, sendo a primeira mulher no cargo e também a mais jovem delegada no comando da 15ª SDP. Sua ascensão está relacionada ao competente trabalho realizado frente à Delegacia de Homicídios, alcançando bons resultados operacional e para as famílias das vítimas, com 85% de resolução nos casos, um recorde nacional.

O sonho começou na Unipar, quando esteve nos bancos escolares, de 2000 a 2004, 2ª turma de Direito da Unipar Cascavel. “Sou de Cascavel e optei por fazer a graduação na cidade. A Unipar foi um berço de conhecimento e me trouxe muitas pessoas que levo para a vida, professores com quem aprendi muito e bons amigos, boas lembranças... Essa foi minha primeira importante conquista, para virem as subsequentes”, afirma.

Ela conta que foi durante a graduação, em estágio na Delegacia de Polícia, que decidiu pela carreira pública: “Ali despertou a paixão que ninguém mais controlou; as pessoas procuravam a delegacia como a única porta existente num momento de grande dificuldade e vi o quanto um policial poderia fazer a diferença na vida das pessoas, desde uma ação bem simples até aquela que dependia de complexas investigações”.

Ao concluir os estudos, a jovem foi aprovada entre 10 mil inscritos para 44 vagas no concurso para delegado da Polícia Civil. São 10 anos de polícia, uma história iniciada em uma Delegacia da Mulher, passando por outras delegacias, até ser lotada na Delegacia de Homicídios e ser responsável por coordenar uma equipe maior.

Com orgulho, a profissional falou para a plateia sobre a função do delegado, que está pautada na coordenação da polícia judiciária e tem por atribuição a investigação de infrações penais. As que não são infrações destinadas à união, que cabem à polícia federal, e as que não são infrações militares, são de competência da Polícia Civil, na qual atua.

Ela explicou, também, que o delegado coordena as investigações e tem a função de operador do Direito: faz aquela primeira análise jurídica da situação apresentada para ele, tipificando, analisando essas condutas nos inquéritos, relatórios e pedidos de prisão; assume a função policial, que é a de acompanhar as diligências, atividades de campo, de cumprimento de mandado de prisão e de busca e, junto a tudo isso, executa a função de gestão.

“Na carreira jurídica, talvez seja uma das mais dinâmicas, pois agrupa três ramificações: operador do Direito, policial e gestor. Tem que motivar e liderar uma equipe de policias, a sua unidade, buscar melhorias na estrutura física e gestão de recursos e de pessoas e, diante das circunstâncias que o Estado proporciona, nem sempre é tarefa fácil, embora haja, sim, muitos esforços direcionados para a melhoria”, pontua.

Para a ex-aluna, um dos maiores desafios do delegado de polícia é ter que tomar decisões no calor dos fatos, decisões que vão interferir na liberdade de uma pessoa - se ela vai ficar presa ou não -, na construção do patrimônio de uma pessoa - se vai ficar apreendido ou não: “Isso ele tem que decidir em questão de minutos, com privação de sono, em condições quase sempre não adequadas e, às vezes, no meio de uma situação conflituosa; ou seja, tem que ter a capacidade não só de suportar a pressão, mas acessar todo o seu conhecimento para adotar estratégias investigativas e, assim, tomar a melhor decisão dentro da legalidade”.

Em um meio profissional tradicionalmente dominado por homens, a delegada falou, também, sobre como é ser mulher numa chefia de um cargo tão disputado. “Vejo que hoje, por estar há dez anos na região, é um pouco mais fácil do que quando assumi a Delegacia de Homicídios; porém não adianta dizer que as mulheres não são vistas por uma ótica diferenciada e submetidas a uma certa prova, porque é um ambiente predominantemente masculino. Ainda assim, acho que não é impossível alcançarmos nosso espaço e mostrarmos que temos a mesma capacidade, tal qual os homens”, garante.