Referência no Brasil, projeto tem aporte do Ministério da Saúde
A Universidade Paranaense e a Prefeitura de Francisco Beltrão inauguraram na terça-feira, 21, a Farmácia Municipal de Manipulação de Fitoterápicos, projeto lançado há dois anos e meio, que surge da parceria do município, da Unipar e do Governo Federal. A unidade vai funcionar no mesmo ambiente da Farmácia da Partilha, no Câmpus da Unipar.
A solenidade foi rápida, com poucas pessoas, em espaço aberto e respeitando todas as normas de prevenção à Covid-19. O próximo passo prevê o treinamento dos profissionais de saúde e o estímulo à produção das plantas pelos agricultores locais. Os medicamentos serão dispensados na rede pública municipal.
De acordo com a farmacêutica responsável Mariane Pavani Gumy, trata-se de um projeto do Ministério da Saúde para inserção de plantas medicinais na atenção básica. Serão disponibilizados chás e medicamentos fitoterápicos (em cápsulas).
Ela relatou que o projeto contempla várias etapas, como a capacitação de todos os profissionais da saúde da rede municipal e a farmácia de manipulação. Em virtude da pandemia, a capacitação foi adiada e está prevista para setembro.
Os medicamentos serão dispensados mediante prescrição. Os pacientes levam a receita em uma das seis farmácias municipais ou na farmácia da partilha e esta receita será encaminhada para manipulação.
“O objetivo original era associar esse projeto a outro, de arranjo produtivo local, onde nossos agricultores locais forneceriam as plantas medicinais para o município. Mas por determinação do próprio Ministério, temos que ter o projeto dos fitoterápicos em andamento para sermos contemplados com o do arranjo produtivo local. Isso justifica a parceria entre as Secretarias de Saúde e da Agricultura”, explica Gumy.
Na solenidade, a Reitoria da Unipar foi representada pelo professor Claudemir José de Souza, diretor da Unidade da Unipar em Francisco Beltrão. Em seu discurso ele ressaltou que parcerias como esta fazem com que a Universidade Paranaense cumpra seu papel social, de estar sempre de portas abertas para a comunidade. “É um projeto que mostra a força da ciência, que só foi possível graças ao empenho e dedicação dos nossos professores”, pontuou.
E também lembrou que é um dos únicos projetos do Brasil que aprovou, até hoje, bolsa de qualificação via Ministério da Saúde, e não do Ministério da Educação, para duas servidoras públicas: “Isto foi proposto para que o conhecimento fique aqui na cidade”, atentou.
O prefeito de Francisco Beltrão, Cleber Fontana, finalizou o evento falando dos vários setores em que a Unipar tem parceria com a Prefeitura e a sociedade beltronense e dos benefícios que isso gera. Agradecendo o empenho de todos os parceiros envolvidos, enalteceu o trabalho do ex-deputado federal Osmar Serraglio, por ter viabilizado a verba e por “ter feito muito mais por Francisco Beltrão”.
“Impactar para a sociedade”
Além de Francisco Beltrão, Toledo e Umuarama, na mesma parceria entre Unipar e prefeituras, estão com o mesmo projeto em andamento. Toledo, inclusive, já conta com farmácia de manipulação, que se destaca por ser a primeira pública do interior do Brasil.
Ao se pronunciar, o professor Emerson Luiz Botelho Lourenço, coordenador do programa de mestrado em Plantas Medicinais e Fitoterápicos na Atenção Básica, reforçou a excelente qualidade do projeto, que tem editais avaliados pelo Ministério da Saúde e são extremamente rigorosos, quanto ao apontamento de cada fase e cronograma.
“Com uma equipe muito qualificada, conseguimos sair do corpo acadêmico, que é o de formação do aluno, e impactar para a sociedade. Isso aqui hoje é a derivação do conhecimento técnico e científico para a sociedade, não só no aspecto social, mas também no de saúde”, exclamou. “Agora vamos atrás de recursos para investir na cadeia produtiva para que possamos enquadrar os produtores de ervas medicinais no projeto, já que esta é outra meta importante”, arrematou.
Medicamento fitoterápico e plantas medicinais
O Governo Federal criou o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos com o objetivo de garantir à população brasileira o acesso seguro a plantas medicinais e fitoterápicos, ampliando as opções terapêuticas aos usuários do SUS. Também incentiva o uso sustentável da biodiversidade brasileira, valorização e preservação do conhecimento tradicional das comunidades e povos tradicionais, o fortalecimento da agricultura familiar e o desenvolvimento tecnológico e industrial.
O SUS oferta doze medicamentos fitoterápicos à população. Eles são indicados para tratamentos de problemas ginecológicos, queimaduras, gastrite e úlcera, artrite e osteoartrite.