Francisco Beltrão: Coordenadora de Farmácia explica diferença entre plantas medicinais e fitoterápicos

Publicado em 11 de Julho de 2022 às 10:09

Unipar prepara os novos farmacêuticos para orientar sobre o consumo racional de plantas medicinais e remédios fitoterápicos

O uso de plantas para tratamento de enfermidades já se fazia presente nas primeiras populações humanas e o costume de usá-las se arrastou ao longo dos anos. No Brasil, desde o descobrimento, os religiosos incentivavam o uso das plantas medicinais. As primeiras farmácias, conhecidas como Boticas, se instalaram a partir dos anos 1600, como comércio.

A 1ª Farmacopeia Brasileira – documento que é frequentemente atualizado e descreve as plantas medicinais brasileiras – foi publicado em 1926 e descrevia 183 plantas com sua indicação. Depois disso, várias descobertas também se sucederam no país. Hoje, mais do que em qualquer época, o uso de plantas medicinais e de fitoterápicos faz parte do dia a dia de muitas pessoas.

DIFERENÇA ENTRE PLANTAS MEDICINAS E FITOTERÁPICOS

A coordenadora do curso de Farmácia da Universidade Paranaense -Unipar/Francisco Beltrão, professora Patrícia Gurgel Velasquez, diz que é importante destacar a diferença entre as plantas medicinais e os fitoterápicos. Plantas medicinais são aquelas usadas tradicionalmente e que possuem capacidade de aliviar sintomas ou até curar algumas doenças, e que são usadas na forma de chás, infusões, macerados, sucos, entre outras.

Já os fitoterápicos são medicamentos feitos na indústria, a partir das plantas medicinais, nos quais há padronização da concentração dos bioativos presentes na matéria prima. Para a sua fabricação, há várias etapas a serem seguidas de forma adequada, que incluem desde o cultivo, passando pela coleta, processamento, armazenamento e manipulação, até a dispensação do produto. O processo de industrialização é importante devido ao controle de qualidade, que deve garantir que não haja misturas de outras substâncias que não as de origem vegetal, que a dose esteja correta e na quantidade certa para a pessoa consumir de modo seguro, evitando intoxicações, por exemplo.

Indicação profissional

Mesmo os fitoterápicos precisam de indicação de um profissional da saúde e devem ser adquiridos em locais seguros. Segundo Patrícia, pesquisas mostram que muitos fitoterápicos de procedência desconhecida, sem um controle de qualidade, podem conter metais pesados, misturas com substâncias químicas, sujidades, entre outras, que trazem prejuízos à saúde a curto ou longo prazo.

Tendo em vista o aumento do interesse populacional pelas terapias naturais observado nas últimas décadas, algumas plantas medicinais e fitoterápicos estão à disposição dos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), a partir da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, ambas aprovadas em 2006.

Da mesma forma, as universidades, em seus cursos de graduação e pós-graduação, além de centros de pesquisa, incluíram em seus currículos e projetos conteúdos relacionados a plantas medicinais e fitoterápicos. Esta inclusão está direcionada principalmente aos acadêmicos da área de Farmácia, pois os profissionais farmacêuticos, com base na Resolução nº 586/13, devem promover o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, contribuindo para o fortalecimento dessa prática, além de manipular, dispensar e orientar sobre o uso seguro de plantas medicinais e seus derivados, assim como sobre fitoterápicos manipulados e industrializados em atendimento a uma prescrição de profissional habilitado ou na automedicação responsável. Além disso, o farmacêutico ainda pode orientar e participar do processo de seleção e cultivo das plantas medicinais e acompanhar o processamento, visando garantir qualidade, segurança e eficácia nos produtos.