Um dos requisitos para se beneficiar do serviço era ter uma renda de até três salários mínimos, pois o objetivo é atender a parcela mais necessitada da população
O Programa Justiça no Bairro/Campo Sesc Cidadão, que começou na quinta-feira, 1º, em Francisco Beltrão, não poderia terminar de forma mais especial. O casamento coletivo reuniu 288 casais da região Sudoeste do Paraná, que trocaram alianças, fizeram votos, disseram "sim" em uníssono e deram um beijo no final, tudo como manda o protocolo.
A desembargadora do Tribunal de Justiça do Paraná, Joeci Machado Camargo, coordenadora do Programa Justiça no Bairro, foi quem presidiu a solenidade. "Muitos de vocês começaram o namoro e a paquera na escola e aqui (universidade) é um bom lugar para reviver tudo isso. Sonhamos que nossos filhos um dia se tornarão doutores, então não existe melhor lugar que transformar este ginásio no templo do amor, onde entregamos nossos filhos para ser o segundo lar deles", disse.
O desembargador Wellington Coimbra de Moura, 1º vice-presidente do TJ-PR, também prestigiou o evento, assim como prefeitos de várias cidades da região, juízes e promotores de justiça. A Unipar foi representada pelo seu diretor, Claudemir José de Souza, e a Fecomércio-PR pela gerente regional de Ação Social, Elisangela Domingues.
De acordo com a desembargadora Joeci, cidadania é a palavra que define a importância de todos os parceiros no evento. “Responsabilidade social conjunta entre instituições públicas e privadas que é o mais importante”.
A magistrada agradeceu também a sociedade que permitiu a bela festa de casamento. “A comunidade se uniu para buscar vestido de noiva, adereços, sapatos, camisa, tudo que pôde para que eles possam ter um dia de felicidade. Qual a maior felicidade? Deles que estão recebendo ou daquelas pessoas que estão dando seu tempo para dar um pouco de atenção, um pouco de carinho?”, questionou.
Sonho adiado por falta de recurso virou realidade
Casar como manda o figurino é o sonho de toda mulher. Jucelene Almeida dos Santos, 28 anos, começou o dia bastante nervosa. “Já saí da cama meio perdida, pensei ‘isso não é verdade’”. Ela oficializou a união com Itamar, 32, com quem vive há mais de 11 anos. Eles são pais de Pablo, 9 anos, e Natali, 5, e residem no Bairro Padre Ulrico. Jucele é dona de casa e o marido trabalha com tapeçaria para estofados. “A gente sempre quis casar, mas o tempo foi passando, nunca sobrava recurso, então surgiu essa oportunidade do casamento coletivo e resolvemos aproveitar.”
Deise Mercato, 31, e Luiz Pessoa, 49, acordaram por volta das 6h e trabalharam até quase a hora do casamento (18h). Eles têm uma mercearia (minimercado), no Bairro Júpiter, e no sábado, um dos dias de maior movimento, não havia ninguém para deixar cuidando do estabelecimento. “Eu trabalhei até às 16h, corri para casa, fiz a maquiagem bem rápido e ele ficou mais um pouco atendendo”. Eles moram juntos há um ano e meio. “O custo para casar é muito alto, nós até tínhamos dado entrada no cartório, então vi no noticiário sobre esse casamento comunitário, fui lá e pedi para cancelar porque iria casar aqui, já que não precisaria pagar”. Ela diz que a renda da família é baixa e todo dinheiro que for possível economizar faz diferença no final do mês.
Patrícia de Ré, 33, e Laurindo Moraes, 42, têm um relacionamento de cerca de dez anos. “Casar era um sonho que estou realizando, pois os custos são altos, mesmo que seja só no civil, então vai ficando em segundo plano”. Eles decidiram reunir a família no domingo para fazer uma pequena confraternização, já que a irmã dela, Sônia, também casou no sábado.