Mulheres que inspiram: Ex-alunas de informática comemoram bons empregos

Publicado em 12 de Agosto de 2020 às 16:00

Professores se empenham para prepará-las para os desafios do mercado de trabalho, com ensinamentos que vão além do contexto técnico-científico, e o retorno dessa dedicação tem sido excelente

Se elas estão conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho em áreas antes exclusivas deles, e esta é uma tendência global, a de tecnologias da informação decisivamente não poderia ficar de fora. As mulheres entram motivadas e preparadas para competir, de igual para igual, com os homens. Competição harmoniosa, bom que se diga, afinal a luta pelo fim das intolerâncias avançou muito, nos últimos anos, derrubando muitos preconceitos.

Se ainda há algum nesse campo, as nossas entrevistadas, egressas dos cursos de informática da Universidade Paranaense, Unidade de Paranavaí, superaram. Layane de Medeiros, Nathália de Freitas, Aline Bonfim, Ana Paula Carrion e Késsia Marchi são exemplos que inspiram pelo arrojo e paixão pela profissão.

Layane trabalha na Atak Sistemas, de Maringá. “Comecei como suporte técnico, após um tempo fui para cargo de analista de suporte e hoje sou líder do setor”, orgulha-se. Segundo ela, para manter-se firme nessa carreira, que é muito promissora, é preciso que o profissional da área mantenha-se sempre atualizado. “Esse é um dos grandes desafios, visto que é uma área que está em constante evolução”, justifica.

Outra que se orgulha da carreira, Nathália conta que subiu confiante os vários degraus que a levaram para o que considera um bom emprego; ela é analista de negócios na Benner Tecnologia e Sistemas de Saúde, em Maringá.

“Comecei como suporte em infraestrutura em um provedor de internet, passando por suporte em redes e computadores na prefeitura de Alto Paraná; depois, numa segunda fase, atuei na área de suporte à software nas empresas Ápice sistemas (Paranavaí), ID Brasil (Maringá) e na Benner, onde estou hoje, só que em um cargo acima”, conta, informando que, para se aprimorar, faz pós-graduação em Gestão de Projetos.

“Experiência na área é o fator que mais conta para a inserção no mercado”, alerta, mandando um recado para as mulheres que almejam esta profissão: “No começo, pode ser que você sinta um pouco de dificuldades por ser ainda, infelizmente, um meio machista, mas pode ter certeza que uma mulher, em uma corporação, se destaca muito mais, por sua competência e assiduidade”.

Maringá foi o destino também de Aline, onde é analista de sistemas da Santa Casa. “Atuo no setor de tecnologia em sistemas de saúde, mapeamento de fluxograma, gerenciamento de projetos e requisitos e utilização de Plsql”, conta a egressa da Unipar.

Mas também precisou galgar degraus para chegar lá. “O início da minha trajetória foi como analista de suporte técnico júnior, mas logo depois me tornei analista de suporte pleno e comecei a ampliar meus conhecimentos e continuei estudando, até me tornar analista de sistemas”, relata Aline, que atualmente cursa pós-graduação em banco de dados.

E é enfática ao explicar a opção por Sistemas de Informação: “Foi a melhor escolha da minha vida, pois é um curso que remete a muitas oportunidades, pois o campo de trabalho é amplo, com diversas áreas de atuação; posso afirmar que é um orgulho ser uma mulher da área da computação!”.

 

Se projetando na Capital

Ela abraçou o diploma da graduação em Sistemas de Informação pela Unipar em Paranavaí em 2014, mas, pouco antes, em novembro, deu start à carreira, no cargo de analista de implantação da DB1 Global Software, de Maringá. Ana Paula Carrion não perdeu tempo e, desde então, só pensava em ascender na esfera das tecnologias de informação.

E conseguiu, por não ter se acomodado. Cursou MBA em Gerência de Projetos em TI e com a certificação CPRE – Engenharia de Requisitos, foi promovida para analista de teste, depois analista de negócios, assistente de projetos e gerente de projetos, na DB1.

Em 2018 vai para a Disys, em Curitiba, para ocupar cargo de analista de negócios; logo depois é contratada pela Fiscaltech Tecnologia, para o mesmo cargo, na Capital do Estado. Isso tudo porque sonhava em ser “uma profissional que fizesse a diferença”.

Ana Paula conta que seu interesse pela área da computação surgiu dentro de casa, acompanhando a trajetória de sucesso construída pelo irmão. “Sabia que podia construir uma carreira promissora, assim como a dele, e que o melhor cenário para isso acontecer seria estar perto de tecnologia, que é o presente e o futuro, então resolvi fazer uma nova graduação, Sistemas de Informação”, relembra [antes fez Enfermagem e tinha emprego estável numa prefeitura].

“Não foi fácil, eu estava começando tudo novamente e foram muitos desafios. Também houve julgamento e quem duvidasse que seria possível alguém trocar a certeza de um cargo público pelo mundo corporativo, e isso foi ainda mais motivador”, afirma.

Diz ter saída da Unipar satisfeita com o que recebeu para sua formação: “Os professores e orientadores me ajudaram a me formar como pessoa e profissional, me proporcionaram ensinamentos que foram além da sala de aula; tudo que vivenciei ali e toda dedicação desprendida nesta etapa foram cruciais para que eu pudesse ingressar em um novo ramo de trabalho”.

E acrescenta: “Minha transição profissional definitiva aconteceu em 2014 e posso afirmar que tenho me sentido uma profissional completa e realizada desde então. Continuo sendo desafiada diariamente, porém com dedicação e amor ao que faço tenho tido grandes conquistas!”.

Para Ana Paula, “TI é uma área profissional promissora e cheia de oportunidades para aqueles, homens e mulheres, que são determinados, comprometidos e que desejam não ser apenas mais um profissional disponível no mercado de trabalho”.

 

Da graduação ao doutorado

Quem estuda na Universidade Paranaense recebe estímulo também para a carreira da docência. Késsia Marchi foi um dos vários estudantes que aproveitaram a chance. Ela se formou em Ciência da Computação, em 1998.

Professora no IFPR, Câmpus Paranavaí, atua na área de Teoria da Informação - Representação da Informação e Banco de Dados. Tem no currículo os cursos de pós-graduação em Marketing, Recursos Humanos e Qualidade Total, pela FAFIPA (2001), e em Ambientes de Desenvolvimento para Internet, pelo UniCesumar (2003).

Na modalidade stricto sensu, tem mestrado em Ciência da Computação, concluído em 2010, e agora dedica-se na busca do título de doutora em Ciência da Informação - Informação e Tecnologia.

Sobre os desafios para a inserção profissional da mulher neste campo, explica: “É constante a necessidade de ela comprovar a sua racionalidade. Culturalmente, a mulher tem uma habilidade nata para atividades que requer afeto ou atenção; a racionalidade é tida mais em um contexto masculino. Esta cultura, embora preconceituosa, ainda é um desafio para ela ingressar em áreas tecnológicas, mas que deve ser superada com dedicação e esforço”.

 

Orgulho para a Unipar

A coordenadora do curso de Sistemas de Informação da Unipar em Paranavaí, professora Claudete Werner, diz que a trajetória de sucesso das suas alunas é motivo de orgulho para toda a Unipar. Para ela, o bom posicionamento no mercado de trabalho “é tudo o que o professor torce para acontecer, pois tem muita participação nesse processo, que envolve muito mais que ensinar”.

E justifica: “Temos por missão ensinar, mas também apontar caminhos, motivando, aconselhando... e temos cumprido à risca, oferecendo todo o nosso apoio... O destaque dessas ‘meninas da computação’ no mercado empresarial e educacional é a grande comprovação de que estamos no caminho certo”.

Sobre a atuação das mulheres no mundo das TI, só tem expectativas animadoras, considerando que há pesquisas que comprovam que as jovens de hoje têm mais predisposição para cursos nessa área, quando comparadas àquelas que nasceram até meados dos anos de 1980.

“Somos poucas no meio acadêmico e empresarial, porém estamos fazendo história na computação brasileira, que se mostra cada vez mais favorável para nós; além de acolhidas, estão sendo reconhecidas e isso é o que mais importa. Ainda há muito a se conquistar, mas com audácia, determinação e perseverança estaremos cada vez mais fortes e presentes”, afirma Claudete, que ainda lá em 1996 [ano de fundação do Câmpus] conquistou a confiança da Unipar.

Ela começou como professora do curso de Ciência da Computação. Três anos depois, fez parte da equipe que projetou e implantou o de Sistemas de Informação, inaugurado em 2000 com ela na coordenação. “Estou há vinte anos no cargo, o que muito me orgulha”, exclama. A graduação em Sistemas de Informação da Unipar em Paranavaí é até hoje um dos mais produtivos e concorridos da Instituição.