Pesquisa analisa resistência de bactérias a antibióticos em amostras do Rio Paraná

Publicado em 30 de Outubro de 2024 às 07:55

O resultado mostrou que 86,11% das bactérias são resistentes à tobramicina e 58,33% à amicacina

A resistência a antibióticos é um dos maiores desafios enfrentados pela saúde pública atualmente, impactando não apenas seres humanos, mas também animais e o meio ambiente. Em resposta a essa problemática, Jacqueline Midori Ono, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal com Ênfase em Produtos Bioativos da Universidade Paranaense (Unipar) e taxista CAPES, sob a orientação da professora Lidiane Nunes Barbosa, realizou uma pesquisa recente que analisou amostras de água do rio Paraná.

O estudo envolveu a coleta de água em 36 pontos ao longo do rio, no trecho que passa pela região Noroeste do estado do Paraná. Esses pontos foram estrategicamente escolhidos, dividindo-se entre áreas com intensa atividade humana e aquelas com maior presença de vegetação nativa. Os resultados confirmaram a presença de enterobactérias multirresistentes, especialmente em locais próximos a distritos urbanos, cooperativas de pescadores e áreas de lazer, onde a interferência humana é evidente.

Das sete espécies de bactérias identificadas, Escherichia coli foi a mais predominante, representando 75% das amostras. A pesquisa revelou uma resistência preocupante: 86,11% das bactérias são resistentes à tobramicina e 58,33% à amicacina. Além disso, seis isolados mostraram multirresistência, e dois deles continham o gene mcr-1, que confere resistência à colistina, frequentemente utilizada como última linha de defesa em tratamentos.

Um aspecto a ser destacado na pesquisa foi a avaliação do óleo essencial de Rosmarinus officinalis (alecrim) como alternativa no controle de patógenos. Os produtos derivados de plantas têm demonstrado potencial antibacteriano, que atua de forma direta ou indireta, podendo modificar a resistência aos antibióticos e aumentar a eficácia dos tratamentos quando combinados.

Lidiane Nunes Barbosa pontua que os resultados desta pesquisa são de grande relevância para contribuir com o mapeamento da resistência a antibióticos em ambientes aquáticos. Além disso, “a utilização do óleo essencial de alecrim abre novas possibilidades para o controle de patógenos resistentes, oferecendo uma abordagem sustentável na luta contra a resistência a antibióticos”, comenta.

Essa investigação ressalta a importância de estudos interdisciplinares na busca por soluções para problemas complexos, como a resistência a antibióticos, e destaca a dedicação dos nossos pesquisadores em encontrar soluções inovadoras para desafios globais.