A pesquisa analisou a experiência de aprendizagem de estudantes brasileiros de Ciências Contábeis durante a Covid-19
O professor José Luiz Borsatto Junior, do curso de Contabilidade da Universidade Paranaense (Unipar), campus de Umuarama, teve um artigo publicado na revista internacional Accounting Education. O estudo nominado “A phenomenographic look at accounting students’ learning during the Covid-19 pandemic”, em português Um olhar fenomenográfico sobre a aprendizagem de estudantes de contabilidade durante a pandemia da Covid-19, contou com a coautoria de Joseli Pereira Macedo Rezende, mestranda em Ciências Contábeis na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e Bruno Murat, mestrando em Controladoria e Contabilidade na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). A pesquisa analisou a experiência de aprendizagem de estudantes brasileiros de Ciências Contábeis durante a pandemia de Covid-19.
O estudo, realizado entre 2021 e 2022, adotou uma abordagem fenomenográfica e incluiu entrevistas com da Unipar e da UFMS, abrangendo todas as séries do curso. Os resultados apontaram desafios enfrentados no ensino remoto emergencial, como dificuldades de interação, falta de infraestrutura adequada, impacto emocional e adaptação limitada das práticas pedagógicas.
Segundo Borsatto Junior, “o contexto brasileiro é interessante a nível global porque, no Brasil, dado o contexto de desigualdade social, o ensino superior significa uma oportunidade para melhorar de vida, e o ensino possível durante a pandemia prejudicou a experiência de aprendizagem”.
O artigo destaca que problemas estruturais persistiram no ensino remoto, como a transposição de práticas presenciais ineficazes, deficiências na adaptação didático-pedagógica, dificuldades de comunicação, desigualdades sociais e sobrecarga de atividades. Os estudantes relataram desafios como perda de foco, prejuízos emocionais, dificuldades na socialização e frustração com a experiência acadêmica.
Borsatto Junior analisa que os prejuízos foram mais agravados para os estudantes com maiores dificuldades socioeconômicas. “Dessa forma, entende-se que a pandemia agravou determinados problemas sociais e o estudo também contribui oferecendo recomendações para aprimorar o ensino online no futuro”, destaca.
Dentre os problemas educacionais, foram apontadas dificuldades na interação online, limitações dos professores e alunos para adaptar-se ao modelo virtual e desigualdade no acesso à tecnologia. Estudantes relataram falta de equipamentos adequados e conexão de internet instável. Também houve um aumento expressivo da carga de atividades e dificuldades na compreensão de conteúdos complexos.
Entre as consequências para a aprendizagem, destacam-se a dificuldade de concentração devido ao ambiente domiciliar, prejuízos emocionais e dificuldades na socialização. “Os alunos relataram autocrítica, autoexigência, exaustão física e mental, cansaço, desânimo e falta de motivação para buscar o aprendizado”, afirma Borsatto Junior. Além disso, houve uma perda de oportunidades de aprendizado, pois o ensino remoto não conseguiu suprir completamente a experiência de interação e troca de conhecimento.