Professoras de Psicologia alertam sobre riscos de Transtorno Borderline

Publicado em 20 de Novembro de 2020 às 10:00

Elas apontaram causas e sintomas, chamando a atenção para a gravidade da doença e para a necessidade de tratamento especializado

Em evidência em um reality show brasileiro, o Transtorno Borderline tem chamado a atenção do público. O assunto se tornou, inclusive, polêmico. Para esclarecer os mitos e verdades sobre a personalidade e o transtorno borderline, o curso de Psicologia da Universidade Paranaense – Unipar, Unidade de Cascavel, promoveu nesta semana uma live em suas redes sociais.

As psicólogas Mayara da Silva e Ana Paula Gargantini da Silva, responsáveis técnicas do CPA (Centro de Psicologia Aplicada), serviço escola do curso de Psicologia da Unipar, debateram o que é, como acontece, quais os sintomas, como lidar e como ajudar a pessoa que sofre com o transtorno.

Segundo relataram, o Brasil ainda tem pouca bibliografia sobre o assunto. Seu conceito está atrelado à dificuldade na regulação das emoções e do humor, conforme aponta o último DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) publicado.

As profissionais abordaram também traços de personalidade border, como impulsividade, instabilidade de humor, dificuldade nas relações, sensação de vazio, visão negativada de si, precisar do outro para existir e acabar sufocando esse outro, intensidade em tudo que faz e desejo de ser amada.

“A pessoa com personalidade borderline se molda a partir do parâmetro do outro, se esforça para evitar o abandono e, na função de manter o outro ali, ela acaba o afastando”, sinalizaram.

Entre os sintomas, ressaltaram a perda da identidade, visão de si depreciativa, autoimagem distorcida e, geralmente, baixa autoestima. “A pessoa se dirige ao outro com muito amor ou com muita raiva, sempre na extremidade”, acrescentaram.

As psicólogas Mayara e Ana Paula também analisaram que existem as explosões e implosões que podem ser mais agressivas, com o outro e consigo mesmo, que podem vir em forma de automutilação ou tentativa de suicídio.

“A solidão é um dos sentimentos da pessoa em sofrimento, pois o outro não dá conta de suprir as expectativas do que ele representa”, frisaram. Outro sentimento que aparece é a extrema culpa por ter brigado, pelo comportamento descabido.

Sobre a importância do diagnóstico, defenderam ser fundamental para saber o que fazer, não com o objetivo de colocar um nome ou um rótulo, mas facilitar o tratamento: “Há uma confusão com outros transtornos, por oras parece depressão ou bipolaridade. Para fechar o diagnóstico é preciso a avaliação psicológica e psiquiatra”.

O tratamento também auxilia no desenvolvimento de habilidades para lidar com o outro, no autoconhecimento e novas formas de se experimentar. “A intenção é abrir o campo de possíveis, ajudar a pessoa a viver uma vida que valha a pena, e a refletir como ela quer estabelecer contato, que pessoa ela quer ser”, refletiram.

 

MITOS

  • Que existe uma causa quando se trata de um transtorno. A causa pode ser multifatorial, deriva de um conjunto composto pela história de vida daquele sujeito, temperamento, relações que estabeleceu ao longo da vida. “É a forma que se moldou, por isso ela pode ser diferente”, elucidaram.

 

  • Que o transtorno acontece só em mulheres. Prevalência é em mulheres, porém, quem procura mais tratamento são as mulheres, consequentemente tem mais diagnóstico.

 

  • Que ronda as questões relacionadas à saúde mental de que é louco e não vai sair disso. É importante desmistificar, falar sobre, levar o conhecimento para que mais pessoas possam entender o que é, saber que existe tratamento e que a psicologia está aí para isso. A pessoa sofre por não saber o que tem, por não compreender como está reagindo e para quê; é essencial procurar ajuda especializada, sair do medo do rótulo.

 

  • Que a pessoa age de determinada maneira para chamar a atenção ou por birra. A pessoa não tem habilidade para fazer diferente. É importante que a família participe do tratamento.

 

  • Mito que o transtorno não tem tratamento. Elas apontaram um prognóstico que a partir dos 30 anos a pessoa tenha remissão dos sintomas, se tiver em tratamento adequado.