Psicologia: Música Aquarela (Toquinho) desperta trocas de sentimentos

Publicado em 10 de Agosto de 2020 às 16:00

Alunos têm aula extra para falarem de si, de seus medos e esperanças; prática da psicanálise explora a associação livre e possibilidade de ressignificação

Momento de reflexão, de autoconhecimento, de afetos. Em uma aula diferenciada, estudantes do curso de Psicologia puderam trocar medos, angústias e tentativas de planejamento de vida. A ‘aula extra’, no formato de intervenção, foi promovida pela professora Fernanda Fagnani Soares, que ministra a disciplina de Psicologia Ciência e Profissão.

A turma pôde falar da angústia em relação à pandemia da covid-19, o isolamento e distanciamento social vivenciados há alguns meses e à falta de encontros presenciais.

A docente relata que, nas aulas, percebia a necessidade de cada um de falar sobre suas vivências e sentimentos, de ter o outro para fazer trocas. “A ideia foi possibilitar um espaço para conversar sobre coisas da vida, pensar na relação com a aplicação da Psicologia, com a teoria psicológica. Isso sem deixar de lado a subjetividade de cada um”.

A professora avalia que a intervenção permitiu à turma entrar em contato com o que é subjetividade, observar o quanto a relação com o outro é fundamental, tanto para formar a subjetividade, quem somos, quanto para viver e continuar a construção dela.

Tudo começou enquanto aguardavam o horário da aula. A professora conta que abria a sala virtual meia hora antes e deixava música tocando para os alunos, gêneros diferentes, como reggae, sertanejo, MPB, blues, entre outros. Ali percebeu que eles começavam a conversa falando sobre eles, sobre seus gostos.

“Pensei: como trabalho com a psicanálise e a técnica psicanalítica é embasada nas palavras, na fala, vou sugerir um tema e os deixar falar. Coloquei a música Aquarela, do Toquinho, pois ela diz da linha da vida, do menino que vive suas fantasias infantis, depois se depara com o muro, onde ele olha a vida precisando fazer escolhas. Assim, aparecem vários sentidos, sendo trabalhada a ressignificação do adulto, dessa fase que eles estão agora. Por que o adulto não pode brincar? O que é o brincar?”, refletiram.

Conforme analisa, o brincar está relacionado a deixar aparecer as fantasias mais íntimas, aquilo que tem vontade de ser: “A questão é que o adulto tem que trabalhar as fantasias em contato com a realidade”, fundamenta.