Semana de Arquitetura e Design aborda ‘Refúgios itinerantes e flexíveis’

Publicado em 10 de Novembro de 2020 às 11:00

Evento integrou estudantes das sete unidades da Unipar; Fórum Pedagógico e de Egressos aconteceram em duas noites e o tradicional concurso Charrete virou a madrugada

Tradicional no calendário da Universidade Paranaense - Unipar, este ano os Fóruns Pedagógico e de Egressos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo foram realizados no modelo remoto. O evento aconteceu durante a semana acadêmica integrada dos cursos presenciais de Arquitetura e Urbanismo das sete unidades universitárias e dos cursos de Design de Interiores, do semipresencial.

Em tempos de mudanças, incertezas e medos, o Fórum Pedagógico teve como foco saúde mental e resiliência. A convidada foi a psicóloga Bárbara Brunini, que abordou o tema ‘Resistir, reexistir, reinventar’.

Na palestra, ela levantou também a importância do apoio e da união para vencer momentos difíceis. “Somos tod@s mais, quando somos junt@s”, disse, substituindo artigos que representam gênero com o símbolo arroba [que na visão dos ativistas se parece com a junção do artigo masculino em volta do feminino].

Com outro foco, também foram convidados os arquitetos George Lins e Cíntia Lins de Matos, do escritório Lins Arquitetos Associados, de Juazeiro do Norte/Ceará. Diretamente do nordeste brasileiro, os profissionais apresentaram como são desenvolvidos os projetos arquitetônicos naquela região.

 

Fórum de Egressos: Arquitetura em Londres

Em outro momento da Semana, os ex-alunos de Arquitetura e Urbanismo da Unidade da Unipar em Umuarama, Douglas Cardoso (turma 2017) e Winícius Anuto (turma 2015), falaram sobre suas trajetórias acadêmicas e profissionais.

Cardoso é arquiteto e designer em um Studio de Londres; e Anuto, também lá na capital da Inglaterra, estuda design de interiores e já venceu concurso público no concorrido London Festival of Arquitet.

Os arquitetos compartilharam suas experiências desde a graduação até a mudança para a Europa. Douglas contou que passou por um estúdio especializado em arquitetura e sustentabilidade e atuou em um escritório especializado em banheiros.

“É um nicho que requer atenção e detalhe à técnica, principalmente em Londres que tem muita abordagem histórica e as reformas precisam preservar algumas características”, disse.

E Winícius falou de sua inspiração para escolher a graduação, que surgiu quando trabalhou com a tia arquiteta. Também contou que teve a oportunidade de visitar projetos históricos na Itália, iniciar mestrado em Coimbra e participar de projetos na Suíça.

Juntos apresentaram projetos já executados, falaram de soluções, circulação de ar, iluminação, materiais, texturas e elementos, custos, funcionalidade e do Estilo Victoriano, que define a identidade arquitetônica de Londres.

 

Os arranha-céus de São Paulo

Também palestrou na Semana Integrada o diretor da Veja São Paulo, o jornalista e escritor Raul Lores, que foi correspondente em Washington, Nova York, Pequim e Buenos Aires; ele é autor do livro São Paulo nas alturas - A revolução modernista da arquitetura e do mercado imobiliário nos anos 1950 e 1960.

Lores discorreu sobre ‘Arquitetura e mercado imobiliário: os exemplos de São Paulo nas alturas’. A ideia foi explicar por que a capital paulista produziu tantos ícones arquitetônicos de qualidade no mercado imobiliário em tão pouco tempo e o que deu errado, já que a metrópole, mesmo com tantas obras-primas que impressionam os visitantes, não se tornou uma Nova York ou Chicago.

“Os prédios da capital não são caixotões, não são bolo de noiva e não são quadradinhos... e sim, representam um momento de muita ousadia e ambição na arquitetura paulistana”, elogiou.

Em sua fala deu ênfase a obras privadas, como o Edifício Itália, Copano e o antigo Hotel Hilton: “Essas construções demonstram o poder da arquitetura da época e onde a arquitetura pode chegar quando tem parceria com o mercado imobiliário ambicioso”. 

Historicamente relatou a ideia de construção do Copano, quando um jovem banqueiro paulistano convenceu banqueiros americanos a investir em São Paulo.

“Os brasileiros queriam se associar aos americanos, mas não tinham dinheiro para investir. A ideia foi criar um prédio no fundo do terreno do tal hotel, para que vendessem rápido muitos apartamentos; assim nasceu o Copano, um puxadinho de um hotel que nunca existiu. São Paulo ficou com um conjunto de mais de 30 andares, 1.060 apartamentos, galerias no térreo, no meio do quarteirão, obrigando o arquiteto a criar uma forma de interagir com outros terrenos”, contextualizou.

O jornalista mencionou, ainda, outros arquitetos da época e seus projetos. E, questionado sobre a dificuldade de compor obras como essas nos dias de hoje, Lores atestou: ”A legislação hoje favorece o feijão com arroz; se antes tínhamos prédios 30 vezes o tamanho do terreno, hoje temos prédios menores e muito mais caros”.

 

Concurso Charrete

O concurso charrete de 2020 foi diferente de todos os anteriores: além de não ter sido presencial, as equipes foram sorteadas, permitindo a interação entre alunos de todas as sete unidades da Unipar. Ao todo foram 43 alunos, divididos em 4 equipes.

Nesta edição, o tema do projeto foi ‘Refúgios itinerantes e flexíveis’. A proposta surge da necessidade de reinventar os espaços, sobretudo no que se refere à moradia, diante dos conflitos ambientais, sociais e econômicos do século 21. 

O concurso foi realizado durante a madrugada de sexta para sábado e as equipes interagiam por meio do google meet. Os participantes contaram com a orientação de professores de todas as unidades, que acompanharam o andamento dos projetos. Na manhã de sábado os projetos foram entregues e na tarde do mesmo dia foram anunciados os vencedores.

Segundo os docentes, o concurso é inspirado na tradição francesa das Escolas de Belas Artes. Os estudantes assistiam à palestra anunciando o tema do projeto a ser desenvolvido e depois eram confinados em salas de aula para trabalhar, dispondo de referências bibliográficas, material de desenho e alimentos para subsistência. Após o termino do prazo, uma charrete passava recolhendo os trabalhos para serem julgados.