Foram avaliados 895 prontuários, dos quais 490 (54,7%) apresentaram diagnóstico de sepse
Trabalho de Conclusão de Curso com título “Sepse neonatal: Características clínicas e fatores de risco em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal”, foi publicado na revista científica Research, Society and Development. O estudo aborda o tema sepse neonatal, considerada uma das principais causas de morbimortalidade em recém-nascidos, desenvolvido pelas acadêmicas Kauany Cavichion e Sabrina da Silva Muller, do curso de enfermagem da Universidade Paranaense (Unipar), Campus de Francisco Beltrão. A pesquisa teve orientação das professoras Francieli do Nascimento Zonta e Géssica Tuani Teixeira.
Morbimortalidade é um termo utilizado para descrever, de forma conjunta, os índices de doenças (morbidade) e de mortes (mortalidade) em uma determinada população ou grupo.
Com abordagem retrospectiva e descritiva, o trabalho analisou prontuários de neonatos internados em uma UTI Neonatal de um hospital de referência no Paraná entre 2020 e 2023. Ao todo, foram avaliados 895 prontuários, dos quais 490 (54,7%) apresentaram diagnóstico de sepse.
Entre os resultados, destacou-se que a maioria dos recém-nascidos era do sexo masculino (53,5%) e nasceram de parto cirúrgico (71,4%). A maioria dos pacientes (97,3%) foi internada na unidade com idade entre 0 e 7 dias e ficou por mais de 15 dias. No escore de Apgar, 71,1% obtiveram valores iguais ou superiores a 7 no primeiro minuto de vida, número que subiu para 89,5% no quinto minuto. Os problemas respiratórios foram a principal causa de internação (84,2%).
Quanto aos tipos de sepse, 68,2% dos casos foram classificados como sepse precoce. O tratamento dos neonatos incluiu intervenções amplamente utilizadas em UTIN. Intervenções como Sonda Oro/Nasogástrica (SOG) foram utilizadas em 98,4% dos pacientes, enquanto o Cateter Central de Inserção Periférica (PICC) foi empregado em 85,9% dos pacientes. Dispositivos de Ventilação Assistida (DVA) foram necessários em 78,6% dos casos. Os antibióticos Gentamicina e Ampicilina foram os mais prescritos, com uso em 86,5% e 86,1% dos pacientes, respectivamente.
Kauany falou a respeito da publicação, destacando o impacto dos resultados obtidos. "É uma grande realização perceber o impacto do nosso trabalho, que ressalta dados tão significativos sobre a sepse neonatal e seu manejo". Sabrina que “foi a partir desta pesquisa que pudemos compreender, na prática, o valor da ciência na transformação da saúde, principalmente no papel do enfermeiro".
A pesquisa ressalta a importância de estratégias preventivas focadas no monitoramento dos fatores de risco durante o período perinatal e na observância estrita aos protocolos de assistência neonatal, objetivando a redução da morbimortalidade. Além disso, destacou a necessidade de estudos adicionais para aprimorar o diagnóstico precoce e as intervenções terapêuticas, promovendo avanços na qualidade do cuidado dispensado aos recém-nascidos e no suporte às suas famílias.
A orientadora, professora Géssica, destaca a importância em ver acadêmicos realizando pesquisas com impacto social. “Quando vemos nossos alunos ganhando espaço na profissão e na ciência, é sinal de que estamos plantando boas sensações. Um artigo que gera impacto para a saúde e reconhecimento para a área acadêmica nos deixa muito felizes".