O professor doutor Jean Pierre Shatzmann Peron é um dos principais nomes do Brasil nessa área; palestra foi organizada pelo curso de Farmácia
Mesmo com todas as atenções voltadas para a pandemia do novo coronavírus, as autoridades sanitárias continuam vigilantes para com outras enfermidades. Uma delas, a microcefalia causada pelo zika vírus foi tema de palestra promovida pelo curso de Farmácia da Universidade Paranaense – Unipar, Unidade de Francisco Beltrão.
O convidado foi o professor doutor Jean Pierre Shatzmann Peron, da Universidade de São Paulo (USP), que falou sobre suas últimas pesquisas na área. Ele é o principal nome no assunto.
Em 2016, durante a epidemia de zika vírus no Brasil, a equipe liderada por ele, no Instituto de Ciências Biomédicas da USP e Plataforma Pasteur-USP, conseguiu comprovar que o zika vírus era o causador da microcefalia e de defeitos congênitos em fetos de fêmeas de camundongos contaminadas.
O pesquisador demonstrou que, após invadir as células humanas, o vírus age sobre uma proteína que possui papel importante na resposta imune contra a infecção viral; “O vírus estimula essa proteína, a qual limita a defesa imunológica, permitindo a replicação do vírus”, explicou.
Desta forma essa proteína tornou-se um alvo para possíveis medicamentos, os quais, segundo o pesquisador, já estão em fase de teste. Somente 20% dos casos costuma apresentar sintomas da infecção, os quais são febre baixa com erupção cutânea, dores nas articulações (principalmente das mãos e pés) e conjuntivite não purulenta.
Outros sintomas incluem dor de cabeça, dores ao redor dos olhos, dores musculares, perda ou diminuição da força física, inchaços e distúrbios gastrointestinais (dor abdominal, náusea e diarreia). “Dependendo da combinação de sintomas estes podem ser confundidos com dengue ou chikungunya”, alertou o pesquisador.
Termos a participação de um pesquisador de renome internacional, como o dr. Jean Pierre, em nosso Ciclo de Palestras é de uma importância sem precedentes para nossos alunos, ainda mais falando de um assunto tão importante quanto é o zika vírus e a microcefalia”, orgulha-se a coordenadora do curso de Farmácia, professora Patrícia Gurgel Velasquez.
Ela diz que a palestra foi bastante produtiva e oportuna: “No cenário em que vivemos atualmente precisamos mostrar para eles que só poderemos mudar a situação de nossa população que tanto sofre com doenças como essa com muito estudo e pesquisa”, destaca.
De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros casos de microcefalia associados ao zika vírus, no Brasil, aconteceram no ano de 2015; até o final de 2019 foram relatados ao menos 3.474. O número de casos reduziu bastante, porém o Brasil não está livre de uma nova epidemia de zika vírus.
Transmissão
Também abordada na palestra, a transmissão do zika vírus ocorre pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue, mas também pode ocorrer intraútero, resultando numa infecção congênita. Alguns casos de transmissão sexual também já foram relatados na literatura.
As maiores complicações relacionadas ao zika vírus relacionam-se à infecção congênita, quando a gestante é contaminada durante a gestação e transmite para o bebê ainda em formação. Dependendo do trimestre gestacional em que ela se encontra a infecção pode causar microcefalia, restrição no crescimento fetal, insuficiência placentária e morte intraútero.